Nada muda com a retirada de crucifixos das paredes dos prédios públicos. O que deve mudar, na verdade, são os corações das autoridades brasileiras que, insensíveis às justas causas populares, preferem cuidar de assuntos estranhos àquilo que o povo espera. O crucifixo foi, é e sempre será um símbolo religioso de resistência às injustiças provocadas por um poder que retrai, às malvadezas dos governos, às permissividades da tripartição mal engenhada que permite abusos e absurdos silenciosos. Essa onda contra os símbolos religiosos nos poderes judiciário e legislativo faz parte de um poderoso processo de descristianização da sociedade, que pretende relativizar todas as coisas, porque, dessa forma, sem a presença simbólica da mensagem bíblica, fica mais fácil praticar os atos mais covardes contra os empobrecidos. O crucifixo é o sinal da paixão, morte e ressurreição de Jesus pela humanidade. O crucifixo nunca quis desrespeitar outras religiões, mas incomoda muita gente por falar de uma verdade moral e universal em que o amor é o centro. Como símbolo religioso, enraizado na cultura popular brasileira, sua exposição em paredes públicas só faz reforçar nossa identidade.
Marcelo Ortega
Católico atuante, tesoureiro do subsecretariado do TLC de Avaré.
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