O que a igreja espera do documento de Aparecida
Professor Antônio Ponpeu Rugieri
O QUE ENCAMINHAR?
O Núcleo temático da 5ª. Conferência: ”Discípulos e Missionários em favor da Vida” é alentador e impulsiona a atividades concretas. Todo o documento é perpassado por este binômio que deverá iluminar o agir dos próximos tempos.
COMO SER MISSIONÁRIO SEM ANTES SER DISCÍPULO? E ONDE SE FORMAR PARA O DISCIPULADO?
Primeiramente vamos procurar entender o que é ser discípulo de Jesus. Discípulo é àquele que, sendo chamado por Jesus Cristo, responde generosamente à vontade de segui-lo na comunidade de fiéis e, em comunidade, faz o discernimento de sua missão na Igreja e na sociedade. O exemplo das comunidades primitivas nos alumina para esta realidade: “Eles tinham tudo em comum… e não havia necessitados entre eles” (cf. At. 2, 42-46). A partir do testemunho de vida em comunidade, desta experiência com o jeito de Jesus viver, é que os Discípulos saíam em Missão. (cf.At. 13, 1 – 3).
O documento aponta para uma reformulação das estruturas que atingem tanto o clero quanto o laicato. Toda ministerialidade é atingida: Ministérios ordenados e ministério comum. Portanto, Igreja “Povo de Deus” toda ministerial seria a dinâmica para a formação do Discípulo, que nunca é formado individualmente, mas sempre na comunidade Igreja que é escola de comunhão. A participação torna-se educativa da fé se a comunidade acolhe e respeita quem chega nela, oferecendo espaços de inclusão. O crescimento no sentido de pertença evolui e, cada vez mais, o participante toma consciência de ser Discípulo.
O Documento de Aparecida está elaborado e redigido no método VER – JLGAR E AGIR.
A PROPOSTA DE APARECIDA
Comparada ao seu processo oficial de preparação, levado a cabo em uma perspectiva pré-conciliar, a Conferência de Aparecida foi uma grata surpresa. O Documento apresenta uma proposta desafiadora.
I – O PONTO DE PARTIDA; Uma realidade que nos interpela, pois contradiz o Reino de Vida.
Para os Bispos, as condições de vida dos milhões e milhões de abandonados, excluídos, e ignorados em sua miséria e sua dor, contradizem o projeto do Pai e desafiam os cristãos a um maior compromisso em favor da cultura da vida. O Reino de vida, que Cristo veio trazer, é incompatível com estas situações desumanas (358). Estamos imersos em um processo de globalização excludente, que afeta os setores mais pobres, gerando novos rostos da pobreza, já não se trata do fenômeno da opressão, mas de algo novo, da exclusão social. Os excluídos não são somente “explorados” mas “supérfluos” e “descartáveis”(65). Subordina-se inclusive a preservação da natureza ao desenvolvimento econômico. (66).
II – PONTO DE CHEGADA: A vida em plenitude para a pessoa inteira e para nossos povos.
A cultura de morte, que marca nossa situação, não tem a última palavra, Deus tem um
Plano para a obra da Criação e para a humanidade, em especial aos mais pobres, que é seu Reino de Vida. Fazer sua vontade, é engajar-se na continuação da obra de seu Filho, colocando-se ao serviço da “Vida em plenitude” para as pessoas e para nossos povos.
A serviço da vida plena das pessoas; uma promoção humana, que leve à autêntica libertação, integral, abarcando a pessoa inteira e todas as pessoas, fazendo-as sujeito de seu próprio desenvolvimento (399).
A serviço da vida plena de nossos povos: Deus, em Cristo, não redime só a pessoa individual, mas as relações sociais entre os seres humanos (359). A fé cristã deverá engendrar padrões culturais alternativos para a sociedade atual (480). A promoção da vida plena em Cristo nos leva a assumir evangelicamente as tarefas prioritárias que contribuem com a dignificação de todos os seres humanos e, para isso, a trabalhar junto com demais pessoas e instituições (384), fazendo dos pobres sujeitos de mudança e de transformação de sua situação (394), evitando o paternalismo (397), no diálogo com as ciências (465), cuidando da ecologia (474); inculturando o evangelho (479), de modo particular no mundo urbano (501), e na vida pública. (509).
III – EXIGÊNCIA: Uma igreja em estado permanente de missão: ISSO EXIGE;
Desinstalar-se. A Igreja, para ser toda ela missionária, necessita desinstalar-se de seu comodismo, estancamento e tibieza, à margem do sofrimento dos pobres do Continente (362).
Que cada comunidade seja um centro irradiador da vida. Que cada comunidade cristã se converta em um poderoso centro de irradiação da vida em Cristo. Esperamos um novo Pentecostes que nos livre o cansaço, da desilusão, da acomodação onde estamos (362).
Que a missionariedade impregne a Igreja inteira. Esta firme decisão missionária de promoção da cultura da vida deve impregnar todas as estruturas eclesiais e todos os planos de pastoral, em todos os níveis eclesiais, bem como toda instituição eclesial, abandonando as ultrapassadas estruturas (366).
Passar da pastoral de conversão a uma pastoral missionária. A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária (370).
IV – IMPLICAÇÕES: uma conversão pastoral e renovação eclesial.
Diante de uma realidade que contradiz o Reino de Vida de Jesus Cristo, a exigência de constituir-se em uma Igreja em permanente estado de missão, implica:
Renovação Eclesial – Todos estão chamados a assumir uma atitude de permanente conversão pastoral (365), pois a ação eclesial não pode prescindir do contexto histórico onde vivem seus membros. Diante das transformações sociais e culturais, está a necessidade de uma renovação eclesiais, que envolve reformas espirituais, pastorais, e também institucionais (367).
A setorização das paróquias – Levando em consideração as dimensões de nossas paróquias, é aconselhável a setorização das paróquias em unidades territoriais menores, com equipes próprias de animação e coordenação que permitam uma maior proximidade ás pessoas e grupos que vivem na região. É recomendável que os agentes missionários promovam a criação de comunidades de famílias, que fomentem colocar em comum sua fé e as respostas aos seus problemas (372).
Uma ação pastoral pensada – O plano de pastoral diocesano, caminho de pastoral orgânica, deve ser uma resposta consciente e eficaz, para atender às exigências do mundo de hoje, com indicações programáticas concretas, objetivos e métodos de trabalho. Os leigos devem participar do discernimento, da tomada de decisões, do planejamento e da execução (371).
Assumir a nova pobreza – A globalização faz emergir em nossos povos, novos rostos de pobres (402). Os excluídos não são somente “explorados”, mas “supérfluos” e “descartáveis” (65). A Pastoral Social deve dar acolhida e acompanhar os excluídos. (402).
O protagonismo das mulheres – Impulsionar uma organização pastoral que promova o protagonismo das mulheres; garantir a efetiva presença da mulher nos ministérios que a Igreja confia aos leigos, assim como nas esferas de planejamento e decisão (458).
Uma renovada pastoral urbana – Faz-se necessário um estilo de pastoral adequado à realidade urbana em sua linguagem, estruturas, práticas e horários, um plano de pastoral, orgânico e articulado, que incida sobre a cidade, em seu conjunto, estratégias, para chegar aos condomínios fechados, prédios residenciais, e favelas; uma maior presença nos centros de decisão da cidade, tanto nas estruturas administrativas como nas organizações comunitárias,. (518).
A presença nos novos espaços – É preciso continuar semeando os valores evangélicos nos ambientes onde se faz cultura e nos novos lugares: o mundo das comunicações, da cultura, das ciências e das relações internacionais, (491).
V – ITINERÁRIO: uma caminhada, em quatro etapas, à luz da opção preferencial pelos pobres.
Para responder à exigência de constituir-se em uma Igreja em permanente estado de missão e suas implicações é preciso, na Igreja hoje, percorrer um caminho em quatro etapas (226):
1º – Experiência pessoal de fé: pelo encontro pessoal com Jesus Cristo, que leva a uma conversão pessoal e a uma mudança de vida integral:
2º – Vivência comunitária: onde cada um seja acolhido pessoalmente e se sinta valorizado, visível e eclesialmente incluído, membro da comunidade e co-responsável nela:
3º – Formação Bíblico-Teológica: aprofundar o conheci9mento da Palavra de Deus e os conteúdos da fé;
4º – Compromisso missionário de toda a comunidade: cada comunidade cristã convertida em um poderoso centro de irradiação da vida em Cristo (362), no mundo da cultura (479 , 480), da comunicação social (485 , 490), nos centros de decisão (491, 500), e na vida pública (501 , 508).
FINALIZANDO voltamos para os números que se seguem:
Nº 11 – onde que diz que a Igreja é chamada a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais,
Nº 14 – “Não tenham medo” (Mt 28,5) … “Por que buscam entre os mortos aquele que está vivo?” (Lc. 24, 5).
Nº 18 – Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria ; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher.
Nº 19 – Ver – Julgar e Agir – contemplar a Deus com os olhos da fé através de sua Palavra revelada. .
Nª 26 – Iluminados pelo Cristo, o sofrimento, a injustiça e a cruz nos desafiam a viver como Igreja Samaritana (cf. Lc 10, 26-37), recordando que…
Nº 41 – Os cristãos precisam recomeçar a partir de Cristo, a partir da contemplação de quem nos revelou em seu ministério a plenitude do…
Nº 42 – Só quem reconhece a Deus, conhece a realidade e pode responder:
Nº 101 – “Como vamos saber o caminho”? (Jo 14,5)
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3 comentários sobre “O que a igreja espera do documento de Aparecida”
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BOA NOITE!
POR GENTILEZA, SOLICITO SUGESTÕES E ORIENTAÇÕES DE DOCUMENTOS, ARTIGOS E ARQUIVOS PARA ESTUDAR E PENSAR UM PLANO DE PASTORAL PAROQUIAL A CURTOM MÉDIO E LONGO PRAZO.
ABRAÇOS,,
PROF ROMILDO PENHA PEREIRA
Pois bem ouvir o mandato de Nosso Senhor Jesus Cristo nos nossos dias tem sido cada vez mais desafiador. Daí a necessidade da firme convicção de quem é verdadeiramente chamado a seguir o Senhor da Vida e da História. Aceitemos sim com rapidez a “nova” proposta de evangelização que nossa Mãe Igrjeja nos oferece.